quarta-feira, 16 de julho de 2008

o inferno é aqui

Os quilômetros vão avançando, e eu lentamente me despido dessa crosta, desse cárcere da classe média, desse Brasil que me parece tão normal.
Avanço os pedágios, os buracos e todas falhas da estrada, pra chegar em um Brasil diferente, um Brasil onde não se vê ordem ou progresso, onde nem as 27 estrelas de nossa bandeira podem iluminar a vida daqueles que só conhecem a miséria.
Miséria que nem sempre é material, esses homens tem comida, tem casa, tem cama, alguns até tem eletrodomésticos comprados as custas em muitas prestações, mas eles vivem em uma rotina alienadora, uma rotina que não lhes dá espaço para sonhar, criar utopias, ou sair daquele campo de atuação tão pequeno, onde apenas lhes cabe manusear, machados, rastelos e pás, durante incessantes horas de trabalho .
Eles tem tão poucos valores, tão poucos objetivos, que as vezes até pensam em desistir, pois sabem que ali não há futuro, nem para eles, nem para suas próximas gerações, que talvez até verão uma esperança em longínquas escolas que poucos lhes ensinarão e trarão grandes traumas com professores frustrados e diretoras mal-humoradas.
E sabe o que falta? Falta cultura, atualização, inclusão social, falta mostrar outro horizonte para aqueles homens que vivem agarrados em imagens de nossa senhora e jesus Cristo idealizando um céu, crendo que aquele sol ardente e aquela terra improdutiva são na verdade um grande inferno.

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