segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Querida literatura, Estimado Português e Excelentíssima liberdade de expressão,
       Após anos sem escrever, sem pegar uma caneta e rascunhar algumas linhas, me reconhesso tímida diante de vocês. Confeço que meus livros andam empoeirados, enquanto meu teclado recorda todas minhas digitais. Confeço ainda que, apezar dessa minha tentativa de retratação , eu continuo fazendo aquelis mesmo erros que tanto incomoda vocês, que por tantas vezes vocês já pediram para que eu parace , mas agente nem percebe quando faz. 
       Todo mundo sabe (ou deveria saber) que a Língua é instrumento de comunicação: a gente usa pra dar "Bom dia", para dizer que ama, para pedir um cigarro (mas também pra dizer que isso pode matar). A gente usa pra dizer que "Jesus Cristo é o Senhor", pra falar um tanto de palavrão e até pra pedir silêncio.
       Com um "socorro" ela pode salvar vidas, com um "vem me pegar, então" ela pode tirar outras. Com algumas frases ela faz surgir afinidades e com uma única palavra ela cria inimigos.
       A verdade é que todo mundo sabe que vocês três juntos são poderosos, mas ninguém entende que vocês são de domínio público . O povo acha que vocês são de direito exclusivo de quem foi pra escola, de quem aprendeu a classificar oração, de quem sabe a diferença entra ressonância e aliteração!
      Na minha ignorância eu mesma já chamei de assassino um sujeito que colocou um "ç" nessa mesma palavra, mas a burra fui eu! É só olhar um dicionário que a gente descobre que assassino é o sujeito que matou alguém e, pelo amor de Deus, quem foi que ele matou? Quem matou fui eu, matei o direito dele de se expressar!
     Então, me desculpem por todo o preconceito, por achar que saber que não se separa sujeito e predicado com vírgula é sinal de inteligência, por fazer cara feio quando eu ouço "a gente fomos" mesmo tendo entendido absolutamente tudo que a pessoa quis dizer.
     Vocês surgiram através da necessidade do povo se unir. Falando bonito vocês podem até ser chamados de instrumento de socialização, mas tem muito homem letrado por aí que insiste em usar vocês pra segregar, pra reafirmar a tal a hierarquia social.
     Me desculpem!


  
   

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